

Se quiser, copie, remende...utilize! Grande abraço!
Andrei
"Nunca se sabe o que a maré vai trazer".
Barack Obama está sendo pressionado a matricular suas duas filhas numa escola pública de Washington --talvez seja mais fácil um negro se eleger presidente do que ele aceitar essa pressão. Afinal, as escolas públicas daquela cidade são conhecidas pelo péssimo desempenho, violência, drogas, especialmente entre os negros.
O que me intriga nesse debate é o fato de que a capital da nação mais poderosa do mundo tem dificuldade de lidar com a violência de seus alunos --e daí se vê a dificuldade que temos e vamos continuar tendo no Brasil, onde não dispomos, nem remotamente, de tantos recursos.
Por isso, recomendo a leitura de um livro chamado "A Pedagogia do Cuidado", do educador Celso Antunes, que está sendo lançado nesta semana, sobre a experiência da Casa do Zezinho, que fica no chamado "triângulo da morte" de São Paulo. São relatos de casos de educação contra a barbárie, fazendo com que os jovens se expressem e se encantem pelo conhecimento.
Um exemplo é a de uma menina que se prostituía na favela. Num truque pedagógico, Dagmar Garroux ofereceu-lhe então um treino para ser prostituta com muito dinheiro, preparada para trabalhar em Brasília. Isso implicou estudar mais e cuidar do corpo para valorizar a "mercadoria". A menina fez ensino médio, entrou num curso pré-vestibular, passou na USP e se formou em odontologia.
O caso, que está detalhado no www.catracalivre.com.br, mostra que não basta dinheiro para enfrentar a violência. É preciso oferecer espaço de sonho --por isso, a ex-futura-prostituta de Brasília virou dentista. E também um negro órfão, criado por uma avó, se tornou presidente.
Outro destaque, também citado pelo Valor Internacional, tendo como fonte a Financial Times, foi a influência do YouTube na campanha eleitoral. Nunca antes naquele país, as redes na internet foram tão importantes na distribuição de mensagens. Além do YouTube, fundamental enquanto cultura de clipes de vídeo de candidatos, muitas mensagens foram enviadas para listas de emails com links para blogs pessoais e páginas do MySpace e do Facebook. Foi a grande novidade da eleição de 2008 em relação a de 2004, que elegeu Bush, e renderá boas análises sobre a modelagem eleitoral na mídia on-line, a chamada “mídia social”. Os vídeos "rápidos e baratos", publicidade gratuita, foram campeões. A campanha de Obama inseriu no youtube, até a semana passada, cerca de “20 novos vídeos por dia”.
Como observadora, é preocupante quando um líder torna-se quase unanimidade. Ser negro nesse contexto não é secundário, representa uma conquista. Por outro lado, em meio a crise econômica global, compete a Obama (e a sua equipe), é óbvio, corresponder às expectativas de milhões de pessoas no mundo inteiro e conseguir gerenciar tantos interesses diversos.
Espero que influência da nova “mídia social” não se restrinja ao processo eleitoral e se multiplique em análises, críticas e sugestões para a nova gestão governamental.
Aos interessados, leiam o discurso na íntegra, incluindo o famoso "God bless the United States of America"...
Não sou economista, mas o assunto é a bola da vez e atinge todos nós.
Observei que Marx e Keynes ressuscitaram nos debates dos cadernos de economia dos principais jornais e revistas especializadas. É um momento de reflexão geral para acompanhar o que está acontecendo na economia.
Entre outros achados, vale citar um trecho do artigo da revista britânica New Scientis: “A Ciência nos diz que se for para levarmos a sério as tentativas de salvar o planeta, temos que remodelar nossa economia”. E ainda: “Os economistas não perceberam um fato simples que para os cientistas é óbvio: o tamanho da Terra é fixo, nem sua massa nem a extensão da superfície variam. O mesmo vale para a energia, água, terra, ar, minerais e outros recursos presentes no planeta. A Terra já não está conseguindo sustentar a economia existente, muito menos uma que continue crescendo”. O que está em discussão é a mudança de foco do crescimento quantitativo para o qualitativo, com limites nas taxas de consumo dos recursos naturais.
Texto da edição de setembro da coluna "Causos de Vila Velha", que mantenho no Jornal da Praia da Costa
Jovany Sales Rey
Quatro anos atrás, por motivos profissionais, deixei a Praia da Costa e fui morar
Por falar em casa, penei para achar uma ao meu gosto e dentro das minhas possibilidades. Não por falta de oferta. Isso tem até demais. O que matou foi passar três semanas entrando e saindo de apartamentos que, na maioria das vezes, são arapucas enganadoras, meras gaiolas de custo exorbitante empilhadas em edifícios com fachadas grandiosas. Nesse meio tempo conheci lugares agradáveis, habitados por gente cordial, mas também monstrengos estranhos como um caríssimo apartamento mofado, com insuportável cheiro de mijo ou um esquizofrênico três-quartos todo pintado em amarelo-caganeira, fora o disparate de o dono ter transformado um quarto minúsculo em dois menores ainda, repartindo entre eles uma única janela, meia banda para cada um. E o que dizer do cara de pau que anunciou no jornal “magnífica vista para o mar”, esquecendo de acrescentar que a vista só é apreciável entortando-se o pescoço no vão da báscula do banheiro? Enfim, vi e vivi de tudo: escadarias intermináveis, cômodos sem janelas, garagens submarinas, portarias sem porteiros, porteiros sem portarias. Um menininho chutou minha canela gritando “você quer roubar meu quarto!” Uma gata felpuda se apaixonou pelos meus pés. Quase fui mordido por um poodle genioso, bicado por uma calopsita furiosa e por pouco escapei de ser devorado pela legião de baratas que se apossou de uma cozinha inativa.
No quesito maluquice, o campeão foi um claustrofóbico apartamento de fundos encravado atrás das garagens de um prédinho da Hugo Musso, com as janelas (todas elas!), a dois palmos de um altíssimo paredão de concreto. Pois acredite, prezado leitor, por esse arremedo de prisão, cujas luzes têm que permanecer acesas o dia inteiro, pede-se a bagatela de 200 mil reais, absurdo que o proprietário justifica com a localização nobre. Aliás, esse é o argumento mais usado para supervalorizar o preço de todos os imóveis borocochós que visitei: “Tá na Praia da Costa, ué!” Se a entrada do prédio for pela Gil Veloso então, aí é que o bom senso desaparece por completo, caso de um primeiro andar, fundos, abafadão, taxa de condomínio milionária, oferecendo como paisagem única a área de serviço do edifício vizinho, pelo qual se quer nada menos que... meio milhão! “Ah, mas olha o endereço, é a Gil Veloso!”
Resumindo, consegui sobreviver à odisséia e achar o que queria, em boa parte graças a Tânia Almeida, a gentil corretora que me guiou com infinita paciência através do cipoal de ofertas imobiliárias no qual se transformou nossa antes bucólica Praia da Costa.
Mas tantas aventuras me fizeram lembrar do acontecido com um amigo meu, o compositor Richardson Hermetto, parceiro do Morris Albert, aquele autor de Feelings. Nos anos 70, ainda desconhecido, Richardson deixou o interior de Minas para tentar a sorte no Rio de Janeiro e foi procurar apartamento para comprar. Embora seu objetivo fosse modesto, a época era a do milagre econômico e tudo estava pelos olhos da cara. Procura daqui, procura dali e nada de achar um cantinho que desse para pagar com suas economias. Já estava beirando o desespero quando, ao ler os classificados do jornal de sábado, topa com a pérola que todo comprador de imóvel sonha encontrar: “Pescoço na forca. Vendo urgente, metade do valor, excelente quarto-e-sala na Rua dos Inválidos.” Richardson foi conferir, quase caindo duro de contentamento ao constatar que o anúncio não mentia. O quarto-e-sala era de fato muito bom e estava sendo vendido pela metade do preço. Mineirinho desconfiado, ele bisbilhotou todos os detalhes. Documentação?
Na tarde seguinte, quando se mudou, bastou abrir as janelas para descobrir a razão da pechincha. No prédio ao lado, a dois metros de seu nariz, homens de branco necropsiavam um punhado de cadáveres! A tal repartição pública era, nada mais nada menos, que o Instituto Médico Legal do Rio de Janeiro.
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FONTE:http://www.vivercidades.org.br/publique222/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=1411&sid=12 |
O consagrado ilustrador argentino Luís Trimano vem a Vitória para o lançamento do número 2 da Coleção Amostra Grátis, especializada em desenho e produzida no núcleo de estudos Célula Tipográfica (Centro de Artes, Ufes). O livro traz uma amostra do desenho de Trimano e, como indica o nome da coleção, não será vendido, mas distribuído gratuitamente aos presentes. Na oportunidade Trimano ministrará um workshop voltado a ilustradores, caricaturistas, estudantes de Artes, de Comunicação, de Design, Arquitetura e interessados no tema.
lançamento: 9 de outubro
curso: dias 6, 7, 8, 10 e 11 de outubro
Conteúdo: A Caricatura na Imprensa
Quem é Trimano
Parte da sua obra está reunida no livro Trimano, Desenhos e Ilustrações, lançado pela Editora Relume Dumará em1997.
Inquieto e combativo, Trimano desenha diariamente, numa rotina metódica, disciplinada e impressionante: na maioria, os seus trabalhos são grandes painéis em preto e branco, de forte impacto. Trimano preservou o espírito jovem, o amor pela pop art, pelos muralistas latino-americanos, pela beleza plástica do negro e pelo país que o acolheu, e tudo isto está refletido na sua arte.
Mais informações em trimano.blogspot.com.
Fonte: www.canalcontemporaneo.art.br/cursoseseminarios